Entendendo o Estresse

De acordo com a American Psychological Association, o estresse é a resposta fisiológica ou psicológica a estressores internos ou externos. Ele é uma reação normal a eventos emocionantes da vida, assim como sobrecarga de trabalho,  prazos apertados e relacionamentos tóxicos. Todos esses fatores são considerados estressores, ou estressantes. Embora a resposta fisiológica ao stress seja um mecanismo natural, ela envolve mudanças que afetam quase todos os sistemas do corpo, sendo um potencial causador de doenças. Portanto, entender esses mecanismos é tão importante.

Estressores Externos

Apaixonar-se, entrar na faculdade ou ser promovido são considerados estressores externos positivos. Ao passar por essas experiências, temos palpitações, sudorese, boca seca, falta de ar, inquietação e fala acelerada. Os mesmos sintomas são sentidos quando estressores negativos aparecem. A resposta do corpo ao estresse é um sistema de defesa, como um mecanismo de segurança, que deve ser “desligado” depois que o “perigo” não estiver mais presente. Ou seja, a resposta ao estresse é perfeitamente saudável quando é temporária.

Alguns Dados

De acordo com um estudo de 2022 da American Psychological Association, 58% dos jovens dizem ter um nível de estresse avassalador a maior parte do tempo. 55% dizem que não conseguem fazer nada quando se sentem estressados e 67% dizem não conseguir se concentrar sob estresse. O pior de tudo é que 71% dos jovens de 18 a 34 anos não falam sobre o assunto porque não querem sobrecarregar os outros. O que torna a conscientização ainda mais relevante.

Como Funciona

Nosso corpo é o mesmo corpo que os nossos ancestrais Homo Sapiens tinham a 300 mil anos atrás. Infelizmente, nossos sistema de segurança não sofreu nenhuma atualização. Antigamente, ao menor sinal de perigo, digamos se um tigre dente de sabre se aproximasse, o mecanismo de estresse preparava nossos ancestrais para fugir ou lutar contra o predador. Esse mecanismo primitivo de sobrevivência, parte da nossa história evolutiva, ainda nos prepara para enfrentar as ameaças da vida moderna. Quando o sistema nervoso recebe o sinal de perigo o sistema nervoso aciona a “resposta de luta ou fuga“, que nos mobiliza para agir.

O Sistema Nervoso

O sistema nervoso é uma rede complexa de células especializadas que coordenam e regulam as funções corporais. Seus órgãos podem ser divididos em dois grupos: o sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC consiste no cérebro e na medula espinhal, que são responsáveis por processar e integrar informações sensoriais, coordenar as respostas motoras e regular as funções cognitivas. O cérebro é o centro de comando do sistema nervoso, controlando pensamentos, emoções e comportamentos. A medula é a via de transmissão de impulsos nervosos entre o cérebro e o resto do corpo.

Sistema Nervoso Periférico

O SNP consiste em todos os nervos que conectam o cérebro e a medula espinhal a todas as outras partes do corpo. Ele possui uma divisão sensorial e uma divisão motora, que transmite sinais do SNC para músculos e glândulas. A divisão motora do SNP pode ser dividida em sistema nervoso somático e sistema nervoso autônomo. Geralmente, a SN somático supervisiona atividades voluntárias, como o movimento dos membros, enquanto a SN autonômica controla as ações involuntárias como respiração, digestão e batimentos cardíacos.

Sistema Nervoso Autônomo

A parte autônoma do sistema nervoso periférico funciona de forma independente – ou autônoma, e contínua. Ele controla a frequência cardíaca, a pressão arterial, a respiração, a temperatura corporal entre outras atividades. Duas divisões interativas compõem o SNA – a simpática e a parassimpática. A divisão simpática prepara o corpo para condições estressantes e de emergência – chamada de resposta de “luta ou fuga”. Nesse modo de resposta, a frequência cardíaca aumenta, as pupilas se dilatam, os músculos ficam tensos, os vasos sanguíneos se contraem e o fluxo sanguíneo é direcionado para os músculos.

A Divisão Parassimpática

A divisão parassimpática é ativa em condições normais. Ao se recuperar de algo estressante, a divisão parassimpática promove a resposta de relaxamento, também conhecida como “descanso e digestão”. Ele restaura a homeostase, ou equilíbrio do corpo, diminuindo a frequência cardíaca, relaxando os músculos e restabelecendo a digestão e a desintoxicação. Todas as divisões do SNC trabalham juntas para regular e coordenar as funções do corpo e responder a estímulos internos e externos.

A Fisiologia do Estresse

Quando seu corpo responde ao estresse, seu SNS é ativado para permitir que você se salve do “perigo”. Seu cérebro aciona as glândulas supra-renais para secretar hormônios como cortisol e adrenalina. O resto do seu corpo é alertado por esses hormônios e você se sente pronto para correr ou lutar. Após a resposta inicial ao estresse, seu corpo tenta retornar ao seu estado estável. Mas quando o estresse é muito intenso ou desencadeado com muita frequência, seu corpo permanece em alerta máximo.

Qual o Problema?

Como resultado desse estresse constante, a liberação prolongada de hormônios do estresse tem efeitos adversos em seu corpo. Lembre-se de que a resposta ao estresse retarda a digestão e suprime o sistema imunológico para se concentrar no bombeamento do fluxo sanguíneo para os músculos. Continuar a funcionar neste estado de alerta sem retornar ao relaxamento causa problemas. Seu metabolismo fica mais lento, e você não consegue digerir ou absorver os nutrientes adequadamente e seu corpo fica desnutrido.

Estresse Crônico

É por isso que é crucial não deixar que o estresse se torne prolongado ou crônico. Evitar o estado constante de alerta máximo, com níveis elevados de cortisol, é fundamental para manter seu bem-estar. A ativação crônica da resposta ao estresse interrompe vários processos fisiológicos no corpo, incluindo a digestão, a função imunológica e o sono. Criando uma condição perfeita para o desenvolvimento de todos os tipos de doenças. Sem mencionar os impactos na saúde mental

Desequilíbrio Hormonal

O estresse crônico também pode causar desequilíbrio hormonal, afetando a regulação do apetite e as funções reprodutivas. O desequilíbrio hormonal faz a fome e o desejo por açúcar aumentar. Níveis elevados de cortisol  prejudicam os processos cognitivos e a habilidade de tomada de decisão, tornando mais difícil resistir às más escolhas. Sob estresse, você está mais propenso a colocar-se em situações socialmente perigosas.

Impactos do Estresse

Para muita gente, o estresse desencadeia mudanças no apetite, levando a não comer, comer demais ou fazer escolhas não saudáveis. Álcool, tabaco e drogas também são formas socialmente comuns e aceitas como “relaxantes”. Entretanto essas substâncias, assim como os alimentos ricos em açúcar, gordura e sal, fornecem um um pico de dopamina e alívio imediato mas, temporário.

Quebre o Ciclo

O estresse contribui diretamente para distúrbios psicológicos e fisiológicos que afetam a saúde mental e física e, portanto, reduzem a qualidade de vida. Assim como o sistema nervoso simpático ativa a “resposta de luta ou fuga”, o sistema nervoso parassimpático precisa restabelecer o equilíbrio e descansar. Essa regulação do sistema nervoso é, portanto, crítica para sua saúde. Encontrar maneiras de ajudar o corpo a ativar a resposta de relaxamento é crucial.

Ferramentas

Existem inúmeras maneiras de gerenciar o estresse de forma eficaz e, portanto, mitigar seu impacto. O primeiro passo é aprender a reconhecer os sintomas e então aplicar as técnicas para ajudar o corpo restaurar homeostase. Algumas ferramentas eficazes são respiração, meditação e Yoga. Todas essas ajudam a acalmar de verdade o corpo durante momentos estressantes. Outras opções são passar tempo na natureza, fazer atividade física, dormir bem e conectar-se com pessoas queridas.

Outras Opções

Embora traga conforto imediato, a comida, o álcool, o tabaco ou as drogas só pioram as coisas. Nenhum deles ativa a resposta de relaxamento do corpo. Escrever um diário, fazer atividades criativas como pintura e desenho, por outro lado, podem ser muito eficazes. Dançar também é comprovadamente uma boa atividade reguladora do estresse. Outra boa estratégia para quando algo estressante aparecer é simplesmente responder com atenção: parar o que está fazendo, respirar fundo por 1 minuto, observar a sensação no seu corpo e prosseguir com consciência e calma.

Encha sua Caixa de Ferramentas

Mindfulness, ou atenção plena, está em alta ultimamente, porque a ciência já comprovou sua eficácia para o gerenciamento do stress. De fato, é necessário um certo nível de consciência para reconhecer os sinais de estresse. É bom experimentar ferramentas diferentes e ver qual fucniona melhor pra você. Porque mesmo que você coma a comida mais saudável do mundo e faça uma atividade física top das galáxias, se você não aprender a regular o estresse, não terá energia, ganhará peso e provavelmente ficará doente.

Não Deixe o Estresse Assumir o Controle

Embora o estresse possa causar prejuízos para sua saúde, quero te lembrar que você tem o poder de gerenciá-lo de forma eficaz. Ao entender seus mecanismos e conhecer diferentes ferramentas adequadas, você pode enfrenta-lo com facilidade. Da próxima vez que você quiser relaxar depois de um dia estressante, ao invés de tomar uma cerveja ou comer um pote de servete, tente dar uma caminhada ao ar livre, respirar fundo ou ligar para um amigo.

Mais importante ainda, não deixe o estresse assumir o controle! Encontre a técnica de relaxamento que você mais gosta e coloque-a na sua caixa de ferramentas.

Afinal, Bom é o que te faz bem!